sexta-feira, 26 de março de 2021

Fanfics

As fanfics (abreviação de fan fictions) são histórias criadas por fãs de determinados livros, séries ou sagas, utilizando os mesmos personagens, porém com alterações no enredo. Elas foram criadas na década de 1960, através da fan magazine intitulada “Spockanalia” e vêm, desde então, fazendo muito sucesso, principalmente entre o público teen.  

Através dessas histórias, muitos fãs de sagas já ficaram mundialmente conhecidos. A franquia 50 Tons de Cinza, por exemplo, era originalmente uma fanfic escrita com os personagens da saga Crepúsculo.  
A internet colaborou muito para a ascensão das fanfics no imaginário comum, uma vez que democratizou e ampliou o acesso a esses textos. Hoje em dia, é possível contar com sites para fanfics, que podem ser utilizados tanto para quem deseja ler os textos quanto postar as suas criações. A seguir, conheça um pouco mais sobre o universo das fanfics, bem como sites onde é possível encontrá-las.  

Como criar uma fanfic? 
Uma característica muito interessante dos textos criados por fãs é que eles não seguem, exatamente, uma regra. Para criar a sua fanfic, basta que você escolha uma saga ou livro do qual é fã e se inspire em seus personagens para criar um enredo. A maioria das fanfics conta histórias de amor entre dois personagens (que geralmente são inimigos na saga original) e constrói um enredo de fortes emoções, inimizades, conflitos, aventuras, entre outras características típicas de livros de fantasia.  

Além disso, é possível inspirar os textos até mesmo em celebridades que existem na vida real. Porém, nesse caso, vale tomar cuidado para que o nome da pessoa não seja colocado em situações constrangedoras que poderiam ser propagadas como verdade pelo público.  

Uma vez que, geralmente, as fanfics são lidas por outros fãs que já têm conhecimento da história original, não é necessário se preocupar em das grandes explicações dentro do seu texto. Você pode, também, usar e abusar de sua criatividade ao inserir novos personagens ou fazer aquelas alterações que você sempre quis no enredo original da série ou saga.

Tipos de fanfic 
Há vários tipos de fanfic conhecidos entre os adeptos desse tipo de texto. Alguns são:   

Oneshot: 
Fanfics que são compostas somente de um capítulo e são ideais para quem quer imergir em novas histórias sem ter que esperar por atualizações do autor. 

Angst: 
Histórias que giram em torno de angústias dos personagens centrais do enredo. 

Drabble: 
Fanfics que possuem, no máximo, mil palavras e podem destacar alguns personagens ou determinado ponto de vista. São utilizadas, normalmente, para dar ênfase a algo que o autor gostaria que fosse ressaltado na história original. 

Crossover: 
Fanfics que misturam duas sagas diferentes, utilizando seus enredos e personagens em uma história completamente diferente. Normalmente, elas têm maior adesão do público, uma vez que podem ser acompanhadas por mais de uma fan base. 

AU (Alternative Universe):
Esse tipo de fanfic é ideal para quem quer usar mais a criatividade, uma vez que utiliza os mesmos personagens, mas os insere em um universo diferente daquele em que a história original se passa. 

Lime: 
Fanfics que giram em torno de romances adultos (porém, nesse caso, não necessariamente com conteúdo sexual). No entanto, devido a algumas cenas de brigas e conflitos internos dos personagens, esses textos não costumam ser recomendados para menores de 16 anos. 

Mary Sue: 
Fanfics extremamente românticas, consideradas pelos leitores como “água com açúcar”. 

Songfic: 
História que é construída pelo autor com base na letra de uma música. Esse tipo de fanfic costuma ser bem popular entre fãs de cantores ou bandas famosas. 

Fluff/Waff: 
Esse gênero de fanfics consiste em histórias com clima leve e pacífico. Geralmente, elas têm como objetivo fazer com que o leitor se sinta melhor ao lê-las. 

TW (Trigger Warning): 
Em tradução livre, significa "aviso de gatilho". Esse gênero consiste em fanfics que podem causar algum tipo de desconforto em pessoas que já sofreram com os problemas relatados nas histórias. Geralmente, não é recomendado que elas as leiam. 

Crackfic: 
Histórias geralmente absurdas e de conteúdo humorístico, que são atribuídas ao uso de drogas ou mente perturbada do autor (daí o seu nome).

Os "shippers"  
Uma prática muito comum presente no universo das fanfics consiste em "shippar" um casal, ou seja, torcer pelo seu romance. A expressão se tornou muito popular na Internet, sobretudo nas redes sociais, e envolve casais da vida real nos dias de hoje.  

Geralmente, os casais "shippados" possuem um nome que consiste em partes dos nomes de ambos. No caso do cantor Justin Bieber e da cantora Selena Gomez, por exemplo, seu "shipping" é chamado de "Jelena". Já, no caso da personagem Hermione e do vilão Draco Malfoy, ambos da saga Harry Potter, o nome atribuído é "Dramione".
Os "shippers" são casais criados no imaginário de fãs.

Debate entre autores a respeito das fanfics 
Alguns autores de sagas originais, como J. K. Rowling, responsável pela criação do universo de Harry Potter, costumam sentir-se lisonjeados por saber que os fãs criam suas próprias histórias com base na original. No entanto, Rowling afirma preocupar-se com o possível comércio desses textos, uma vez que os fãs da saga podem “ser explorados” com essa prática.  

Já alguns autores não gostam da prática e já chegaram até mesmo a tomar medidas mais drásticas contra as fanfics publicadas na internet. Anne Rice, autora de “Entrevista com Vampiro”, proibiu que qualquer fanfic sobre a história fosse criada e intimou o site Fanfiction.net a excluir qualquer história referente ao best-seller.

Sites para ler fanfics 
Existem diversos sites de fanfics na Internet onde não é necessário pagar para ler ou postar as suas fanfics. Alguns deles são:   
Fanfics Brasil

Todos esses sites permitem criar uma conta gratuitamente, bem como postar a sua história ou ter acesso a outras.  
Além disso, existem comunidades em redes sociais, como o Twitter e o Facebook, que se dedicam à escrita de fanfics sobre determinada série, saga, ou até sobre pessoas famosas. Para saber se o seu fandom possui algum grupo do tipo, basta pesquisar na rede social ou perguntar para outros fãs.

Fonte:
https://canaltech.com.br/entretenimento/o-que-sao-fanfics-saiba-onde-encontra-las-online/
https://oneveryhornyunicorn.tumblr.com/post/177875754443/dead-boy-walking-by-hedonistink-objectively

Remixagem e Propriedade Intelectual

Com a disponibilidade de imagens, sons e vídeos na web, bem como com o acesso cada vez mais facilitado a recursos da internet como editores, aplicativos e softwares, um comportamento muito peculiar da cultura digital vem se destacando: a remixagem (ou remix).  

Remixar algo constitui selecionar um objeto (um texto, vídeo ou som) e produzir um outro, a partir de uma dessas ações:  
1 Modificar o objeto selecionado;  
2 Adicionar algo a ele;  
3 Deletar algo dele.  
Veja, a seguir, alguns exemplos de remixagens:

Literatura:
As fanfics (do inglês fanfiction ou ficção produzida por um fã – tradução livre), em que um fã se apoia em parte da narrativa e dos personagens de uma obra original para construir uma segunda obra, que é uma releitura e tem como principal objetivo ampliar o contato com a obra original.  
Exemplo:  
Escrever um episódio novo para a saga Senhor dos Anéis.  
Uma descrição sobre os vários tipos de fanfics e de aplicativos que possibilitam sua publicação é disponibilizada nesta matéria.

Música:
Em várias manifestações culturais como, por exemplo, na música eletrônica ou no rap podemos encontrar trechos de músicas originais que são incorporadas a uma nova música, numa ação chamada de sample (amostra).  
Exemplo:  
Veja aqui um remix de uma música bem conhecida no meio escolar. Será que só a música foi remixada?


Redes Sociais:
Muito utilizados no dia a dia, os memes são pequenas obras visuais ou audiovisuais, que se caracterizam por sintetizar elementos de uma ou outras peças que geralmente viralizaram na web.  
Exemplo:  
Por mais efêmero que se proponha, esse (considerado por vários autores) “novo gênero textual” já tem seu próprio museu!  
Conheça o projeto Museu de Memes, clicando aqui.

A remixagem abre caminho para possibilidades infinitas de criação e pode tanto ser recurso quanto objeto do trabalho pedagógico.  
Mas atenção! É de fundamental importância considerarmos que, ao abordarmos a cultura remix (decorrente da consolidação social da técnica de remixagem), precisamos ter em mente as questões éticas e a legislação relacionadas à propriedade intelectual, com ênfase no direito autoral, ou seja, nem tudo pode ser remixado, e essa consciência precisa ser trabalhada e fortalecida na escola.  
Veja os principais pontos dessa legislação.  

Direito Autoral
Todo autor ou coautor de obra intelectual (texto artístico ou científico, coreografia, composição musical, obra audiovisual, fotografia, desenho, pintura, gravura, escritura, cartas geográficas, programas de computador, enciclopédias, dicionários, bases de dados etc.), inclusive em meio digital, tem exclusividade sobre o trabalho produzido e é o único que pode obter ganhos morais e econômicos sobre ele ou ceder esses direitos de exploração a outra pessoa.  

Esse direito é garantido mesmo que o autor não declare sua propriedade por meio do símbolo © (de copyright) ou pela frase “todos os direitos reservados”.  
A transferência de direitos é possível, porém deve ser regularizada por meio de licenciamento, concessão, cessão ou outros meios admitidos pela legislação.  

O descumprimento do direito autoral (cópias indevidas da obra toda ou de parte dela – mesmo que com finalidades educativas –, tentativa de obtenção de lucro a partir da obra etc.) pode implicar no pagamento de indenizações ao autor.  
Legislação:  
Lei 9.610/98 – conhecida como Lei de Direitos Autorais.  

Para lidar com a dualidade entre criação e produção intelectual na web, no âmbito da cultura digital, foram sendo criadas algumas soluções, como os Recursos Educacionais Abertos (REA) e as licenças Creative Commons.  
Os REA são recursos educacionais – textos, apresentações, animações, softwares, jogos etc. – que estão disponíveis na web, muitas vezes em plataformas como o Currículo Mais ou a MEC RED, e que podem ser utilizados, traduzidos e até remixados, desde que com finalidades educacionais e respeitados os termos de uso estabelecidos pelo autor. 

Os REA enfatizam a visão de Educação Aberta, que se apoia nos princípios de colaboração e construção coletiva de conhecimento entre professores e estudantes e na garantia de acesso de todos à Educação de qualidade.  
Na mesma linha, a organização sem fim lucrativos Creative Commons se propõe a fazer a ponte entre os autores que desejam disponibilizar seus conteúdos com os usuários que aceitem utilizá-los desde que cumprindo algumas regras.  

Dependendo da vontade do autor, cada obra recebe um selo ou símbolo, que indica em quais termos o autor cedeu o conteúdo. Para utilizar o material, basta buscar esse símbolo (que o autor deixará expresso na própria obra) e seguir as regras correspondentes.

Veja a seguir, quais são os tipos de licença.

Tipo: Domínio público
Sigla: CC0
Descrição: Permite utilização sem restrições.

Tipo: Atribuição
Sigla: BY
Descrição: Permite distribuição, remixagem, adaptação ou criação a partir da obra original, mesmo que para fins comerciais, desde que seja dado o devido crédito ao autor original.

Tipo: Atribuição + Compartilha Igual
Sigla: BY-AS
Descrição: Permite distribuição, remixagem, adaptação ou criação a partir da obra original, mesmo que para fins comerciais, desde que seja dado o devido crédito ao autor original e que as novas obras sejam licenciadas em termos idênticos.

Tipo: Atribuição + Não Comercial
Sigla: BY-NC
Descrição: Permite distribuição, remixagem, adaptação ou criação a partir da obra original, porém os novos trabalhos precisam atribuir o crédito ao autor, não podem ser usados para fins comerciais e devem ser licenciados nos mesmos termos.

Tipo: Atribuição + Sem Derivações
Sigla: BY-ND
Descrição: Permite redistribuição, comercial ou não comercial, porém o trabalho não pode ser alterado e o autor precisa ter o crédito atribuído a si.

Tipo: Atribuição + Não Comercial + Compartilha Igual
Sigla: BY-NC-SA
Descrição: Permite distribuição, remixagem, adaptação ou criação a partir da obra original, para fins não comerciais, porém os novos trabalhos precisam atribuir o crédito ao autor, e devem ser licenciados nos mesmos termos.

Tipo: Atribuição + Não Comercial + Sem Derivações
Sigla: BY-NC-ND
Descrição: Mais restritiva, essa licença permite que se faça o download da obra e o compartilhamento da obra, desde que seja atribuído o crédito ao autor. Não permite modificações nem o uso para fins comerciais.

Assista aqui um vídeo sobre a proposta do Creative Commons.  
Lembre-se: não havendo nenhuma indicação, é fundamental o respeito à legislação que garante o direito autoral e às licenças predeterminadas.

Fonte:
https://avaefape2.educacao.sp.gov.br/
https://creativecommons.org/licenses/?lang=pt_BR
https://br.creativecommons.net/

quinta-feira, 25 de março de 2021

Química e o Currículo Paulista

Historicamente, o componente curricular de Química da etapa do Ensino Médio passou por modificações até atingir as propostas adotadas neste Currículo. De um ensino essencialmente teórico, a Química tornou-se tecnicista, enfatizando a necessidade de uso de laboratório e da compreensão do processo de produção do conhecimento científico e cotidiano. 

Nos tempos atuais, a Química vem ao encontro das necessidades humanas, econômicas, sociais e ambientais, que requerem uma amplitude de conhecimentos que potencialize a reflexão, o protagonismo, a investigação e a aplicação do conhecimento científico-tecnológico, garantindo o bem da coletividade, com sustentabilidade e sem agressão ao meio ambiente. A partir dessas premissas, para a construção do componente curricular de Química, utilizou-se como ponto de partida o Currículo do Estado de São Paulo (2008) e como parâmetro a BNCC, homologada em 2018. 

A responsabilidade deste componente, juntamente com a área de conhecimento das Ciências da Natureza e suas Tecnologias, é explicar e ampliar a visão do estudante sobre a vida e sobre os fenômenos ocorridos no planeta. Diante dos desafios enfrentados hoje, a Química torna-se um instrumento fundamental na consolidação da formação integral humana. 

O estudo da Química qualifica o estudante para as mais variadas circunstâncias da vida, pois agrega valores humanos e promove condições de interpretação da realidade, dos fenômenos naturais e de processos produtivos, além de fortalecer o protagonismo, a percepção crítica, a resolução, a elaboração de problemas e a tomada de decisão. 

É uma ciência que, além de ampliar o repertório cultural, também constitui uma ferramenta para o mundo do trabalho. A Química prioriza a alfabetização científico-tecnológica como uma condição da educação integral e inclusiva, que acolhe as juventudes e se compromete com o projeto de vida do estudante, com vistas ao exercício pleno da cidadania. 

Os objetos do conhecimento abordados na Química devem corresponder aos desafios que o estudante vive em seu cotidiano, de forma significativa e contextualizada, para ampliar a consciência socioambiental de sua localidade e do mundo, discernir criticamente sobre as diversas fontes científicas de informação e, principalmente, promover condições para a produção de conhecimento e de autoria

Faz-se necessário utilizar métodos de ensino compatíveis e adequados para o alcance dos objetivos apontados, como propõe o Ensino Investigativo, em que as práticas pedagógicas não se limitem a experiências demonstrativas ou laboratoriais, mas também envolvam percepções da realidade. 

A abordagem investigativa deve ser um alicerce para os desdobramentos nos estudos das ciências naturais, pois agrega: a curiosidade para identificar problemas; a elaboração de hipóteses; a criatividade para encontrar soluções; o discernimento para comparar informações; a observação de um problema dentro de um contexto; a pesquisa de fontes confiáveis; o planejamento de ações e procedimentos; a realização de experimentos para coletar dados e comprovar informações; a elaboração de argumentos e explicações; a avaliação e divulgação de conclusões com embasamento científico; e o desenvolvimento de ações para intervenção em problemas reais em nível individual e/ou coletivo. 

Utilizar metodologias ativas, permite que o estudante torne-se gradativamente corresponsável pela sua aprendizagem. E trabalhar sob uma abordagem científica possibilita ampliar a visão dos objetos do conhecimento, de forma transdisciplinar e interdisciplinar, podendo até mesmo extrapolar as competências e habilidades das Ciências da Natureza e suas Tecnologias. 

A percepção dos diferentes contextos e regiões, para a aplicação científica da Química é fundamental, pois a abordagem investigativa promove um olhar sensível e atento aos fenômenos químicos naturais, aos processos produtivos e às condições socioambientais, para que o encaminhamento de propostas e decisões seja adequado, com vistas à resolução dos problemas apontados. 

É imprescindível, na Química, que os saberes de diversas culturas, povos e etnias sejam respeitados em seus contextos e costumes. Considerar os aspectos regionais e identificar o repertório cultural incrementa o tema abordado e os fenômenos observados, possibilitando solucionar de forma mais eficaz e significativa as situações-problema contemporâneas – por exemplo, o protagonismo científico dos povos indígenas e das populações afrodescendentes que contribuem com suas vivências e formas diferenciadas de explicar o mundo natural e físico-químico. 

Essas contribuições estão presentes no cotidiano do homem urbano contemporâneo, como alguns alimentos advindos do conhecimento desses povos, com sua experimentação constante e suas técnicas de observação aprimoradas. 

Além disso, as diferenças climáticas e de relevo das diferentes regiões, que determinam o tipo de recursos vegetais e animais e os processos produtivos desenvolvidos nas localidades, precisam ser consideradas para os estudos das Ciências da Natureza, por apresentarem impactos socioambientais diferenciados de uma região para outra. 

Com base nesses preceitos, para a construção do Organizador Curricular, em todos os componentes curriculares da área de Ciências da Natureza, foi realizada a distribuição dos objetos do conhecimento de acordo com as competências e habilidades específicas, por meio de blocos temáticos - as unidades temáticas, que agrupam diversos objetos do conhecimento que possuem proximidade entre si; são elas: Matéria e Energia; Vida, Terra e Cosmos; Tecnologia e Linguagem Científica. 

Na unidade temática Matéria e Energia, a Química busca analisar, explicar e prever as transformações químicas e os seus efeitos nas interações entre matéria e energia, com o objetivo de aperfeiçoar processos produtivos, avaliar a qualidade, as potencialidades, os limites e os riscos do uso de materiais, minimizando de forma consistente os impactos socioambientais. 

Na unidade temática Vida, Terra e Cosmos, que coloca em pauta a origem e a evolução da vida, a Química analisa as relações entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente, para prever e avaliar impactos humanos e ambientais, decorrentes das ações atuais do homem no planeta, enfatizando a busca de soluções éticas e responsáveis para um futuro mais equilibrado e saudável. 

Na unidade temática Tecnologia e Linguagem Científica, a Química procura investigar e avaliar a aplicação da tecnologia nas relações humanas e no planeta, utilizando a linguagem das Ciências da Natureza como forma de expressão, visando interpretar e propor soluções alternativas que favoreçam a qualidade de vida do ser humano, minimizando impactos ambientais no planeta com vistas à sustentabilidade. 

Além da utilização de recursos midiáticos e tecnologias digitais para obter e interpretar dados, elaborar e divulgar trabalhos científicos, o intuito é possibilitar e intensificar a discussão e a avaliação das aplicações do conhecimento científico-tecnológico na vida humana e no meio ambiente. 

De maneira mais específica, o componente curricular de Química apresenta seus objetos do conhecimento a partir das unidades temáticas, dispostas da seguinte forma: 

A unidade temática Matéria e Energia, reúne os seguintes objetos do conhecimento: transformações químicas; conservação de massa e energia; constituição da matéria; tabela periódica; soluções e concentrações; termoquímica; ciclos biogeoquímicos (propriedades, características e poluentes que interferem); transformações químicas que envolvem corrente elétrica; 

fontes alternativas de obtenção de energia elétrica; combustíveis alternativos, recursos minerais, fósseis, vegetais e animais (métodos sustentáveis de extração, processos produtivos, uso e consumo); agentes poluidores do ar, da água e do solo (ações de tratamento e minimização de impactos ambientais, concentração de poluentes e parâmetros quantitativos de qualidade); descarte de materiais, reciclagem e impactos ambientais. 

A unidade temática Vida, Terra e Cosmos, reúne os seguintes objetos de conhecimento: evolução dos modelos atômicos; ligações químicas; forças de interação interpartículas; rapidez das transformações químicas; equilíbrio químico; ciclos biogeoquímicos (toxicidade das substâncias químicas, tempo de permanência dos poluentes, impactos ambientais e na saúde dos seres vivos); 

química ambiental (políticas ambientais, parâmetros qualitativos e quantitativos; compostos orgânicos (funções orgânicas: características para a saúde humana); interações intermoleculares e estrutura dos aminoácidos, proteínas, DNA e RNA; elementos e substâncias químicas na origem da vida: história, estrutura e composição. 

A unidade temática Tecnologia e Linguagem Científica, reúne os seguintes objetos do conhecimento: investigação científica; seleção, elaboração e comunicação de dados e informações científicas; tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) aplicadas à química; cultura de debates e argumentação científica; ética científica na química; ações de segurança, tecnologias de equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC) e descarte seguro de resíduos de ambientes de trabalho; 

materiais e sistemas produtivos (propriedades, estruturas, composições, características, toxicidade, aplicações); transformações químicas que envolvem corrente elétrica (formação de resíduos, descarte adequado); descarte de lixo eletrônico; entalpia de combustão (eficiência energética); 

recursos renováveis e não renováveis – impactos ambientais e sustentabilidade; energias alternativas; 
qualidade de serviços básicos e saúde pública: tratamento de água e esgoto; compostos orgânicos: funções orgânicas, estrutura e propriedades; alimentos: produção, composição nutricional, estrutura e propriedades (proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas); agrotóxicos. 

É importante destacar que alguns objetos do conhecimento indicados para o Ensino Médio já foram estudados no componente curricular de Ciências do Ensino Fundamental, porém, serão retomados com o devido aprofundamento de conceitos e termos científicos, com adequação à faixa etária e cognitiva do estudante e com o desenvolvimento de habilidades mais complexas e elaboradas. 

Os objetos do conhecimento selecionados na Química aprofundam e consolidam as aprendizagens essenciais destinadas à parte diversificada comum do Ensino Médio. Temas diferenciados, com características de aprofundamento teórico, com aportes conceituais mais elaborados para a ampliação da aprendizagem na Química, serão desenvolvidos nos itinerários formativos da própria área de CNT ou nos itinerários formativos integrados, com a união das demais áreas do conhecimento e/ou na formação técnica e profissional

Esses temas têm como objetivo atender às expectativas educacionais do estudante, que irá escolher seus itinerários formativos com base em seus projetos de vida. Assim, os itinerários têm como proposta o aprofundamento das aprendizagens relacionadas às competências e habilidades gerais, consolidando a formação integral do estudante, para uma atuação mais consistente na sociedade, com vistas ao mundo do trabalho e à continuidade dos estudos. 

Observa-se que o aprofundamento dos conhecimentos se dará na continuidade dos temas, com grau de profundidade e complexidade maior, especificando casos de aplicação mais significativos para a contemporaneidade, no estudo da Química no Ensino Médio. 

Todas as perspectivas educacionais estão representadas nas competências e habilidades da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, somadas ao incentivo à leitura, escrita, comunicação, argumentação, autoria, autonomia, uso de tecnologias diferenciadas e elaboração e apresentação de trabalhos que implementem ações científicas éticas. 

Dessa forma, espera-se que o estudante desenvolva suas potencialidades ao se apropriar dos conceitos, postulados e procedimentos da Química, e amplie seus horizontes e perspectivas para a construção do seu projeto de vida, possibilitando a formação de um ser humano íntegro, participativo, resiliente, solidário, produtivo, que realiza escolhas embasadas na ética, na ciência e na tecnologia, para intervenções responsáveis que beneficiem a si próprio e à coletividade.

Fonte:
https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wp-content/uploads/sites/7/2020/08/CURR%C3%8DCULO%20PAULISTA%20etapa%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf